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terça-feira, 16 de julho de 2013

DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE)

Devido a frequência em que ocorre a DRGE e a possibilidade de erro diagnóstico pela similaridade dos sintomas entre as várias etiologias dispépticas, faz-se necessário o aprofundamento da semiotécnica para melhor resolutividade das queixas gástricas.

EPIDEMIOLOGIA: Dor abdominal crônica: incidência anual 15 casos/1000 pessoas-Brasil. A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma das afecções mais freqüentes na Prática médica, sendo a afecção orgânica mais comum do tubo digestivo.

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DEFINIÇÃO: O Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroesofágico (CBDRGE) definiu a DRGE como uma afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado do conteúdo Gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes a ele, acarretando um espectro variável de sintomas e/ou sinais esofagianos e/ou extraesofagianos, associados ou não a lesões teciduais.

QUADRO CLÍNICO

1. PIROSE: é a manifestação mais comum referida como “AZIA”,“QUEIMAÇÃO” de localização retroesternal e pode propagar-se para região epigástrica, tórax bilateral e ascendente. Pós-prandial, associação com alimentos específicos ( fritura, café, cítricos). Comum ser desencadeado por decúbito. Avaliar intensidade, frequência dos episódios (episódios/semana), sintomas noturnos, fatores de melhora ou piora (Cecil -Tratado de Medicina Interna).

2. REGURGITAÇÃO: volta de conteúdo líquido ou alimentar para a cavidade bucal- Pioram a noite ou em decúbito- Não acompanhada de náuseas- Sem participação da musculatura abdominal- “Gosto amargo na boca” (Celmo Celeno Porto – Semiologia Médica).

3. ERUCTAÇÕES, SOLUÇOS e SIALORRÉIA: Menos comuns (Celmo Celeno Porto – Semiologia Médica).

4. “SINTOMAS DE ALARME”: Pensar em complicações ou outros diagnósticos DISFAGIA Sensação de parada do bolo alimentar durante a deglutição Dificuldade para engolir Disfagia Alta x Disfagia Baixa(não esofágicas) (esofágica) “ Tipo engasgo” “Tipo entalamento” Pensar em complicação (estenose) ou outros diagnósticos ( neoplasias ou distúrbios motores do esôfago) (Joaquim Prado-Tratado das Enfermidades Gastrintestinais e Pancreáticas).

5. “ODINOFAGIA”: Dor durante a deglutição- Características diferentes da pirose : dor “ em punhalada” , constrictiva ou espasmódica- Lembrar de ulcerações de esôfago, monilíase esofageana, esofagite cáustica ou actínica, espasmo de esôfago (Celmo Celeno Porto – Semiologia Médica).

6. PERDA PONDERAL: Pensar em Tumor ou Úlcera de esofago. 

7. HEMATÊMESE, MELENA ou SANGUE VIVO: Síndrome de Mallory Weiss (Celmo Celeno Porto – Semiologia Médica).

8. EXAME FÍSICO: Exame da cavidade bucal e da faringe. O esôfago é inacessível em condições normais (excepcional: divertículo volumoso palpável cervical durante alimentação). Muito útil é o EXAME FÍSICO GERAL: Estado nutricional; Sinais de anemia; Voz rouca (invasão do nervo recorrente por neoplasia); Gânglio Supraclavicular Esquerdo = Gânglio de Troisier = CA esôfago distal ou gástrico invadindo esôfago; Sinais de esclerodermia ( alterações de pele, Raynaud); Alterações SNC ( disfagia orofaríngea) (Celmo Celeno Porto – Semiologia Médica).

DIAGNÓSTICO: Sintomas típicos pelo menos 1x /semana por 4 semanas. O diagnóstico da DRGE é realizado através de cuidadosa anamnese, que pode ser seguida de exames subsidiários (endoscopia,exame radiológico contrastado do esôfago, cintilografia,manometria, pHmetria de 24 horas, teste terapêutico).

EXAMES COMPLEMENTARES: Endoscopia Digestiva Alta; pHmetria esofágica. (Joaquim Prado-Tratado das Enfermidades Gastrintestinais e Pancreáticas).

TRATAMENTO: Medidas comportamentais; Inibidores da secreção ácida(bloqueadores de bomba de prótons; bloqueadores do receptor de histamina 2); Agentes pró cinéticos (melhoram as alterações motoras); Cirurgia. (Cecil -Tratado de Medicina Interna).

*Aline E. M. Canavez: graduanda em Medicina- Universidade Federal de Rondônia/8º período. Monitora bolsista em Semiologia médica.